Neurocoaching
por Prof. Ms. Adm. Wanderley Freitas
A pressão constante no ambiente empresarial provocada pela competição acirrada, pelo estresse causado na busca cada vez mais agressiva por resultados, a falta de garantia de emprego, entre outros fatores, estimulam as pessoas a agirem na defensiva impedindo-as de estabelecerem relacionamentos abertos e transparentes.
Os jogos de poder, o nepotismo, os interesses escusos e o autoritarismo, ainda presentes no mundo dos negócios, alimentam a falta de confiança, sonegam informações relevantes e prejudicam o diálogo entre pares, níveis hierárquicos e áreas. Quanto mais altas as posições na hierarquia organizacional, mais solitários e pressionados os seus ocupantes, e menores as chances de receberem feedbacks que poderiam contribuir para a manutenção do senso de realidade, de oportunidade e de adequação.
É neste contexto que entra o processo de coaching para estabelecer um relacionamento vital, durante um período de tempo, com um coachee (cliente: quem passa pelo processo de coaching) que está à procura da clareza e das competências necessárias para fazer mudanças em sua vida e/ou nos sistemas da empresa na qual trabalha, num curto espaço de tempo. O coaching é uma metodologia para apoiar uma pessoa na identificação e criação de metas pessoais e/ou profissional, desenvolvendo e acessando seus dons, capacidades e recursos.
Nossa metodologia de desenvolvimento do processo de coaching, o Neurocoaching, baseia-se numa abordagem das Neurociências Aplicadas, ou seja, utilizando pesquisas sobre como a mente funciona, como ela determina comportamentos e como é possível mudar hábitos com os estímulos corretos. A metodologia potencializa a habilidade de escuta e de intervenção do coach (profissional que aplica o coaching), levando o cliente a ter insigths importantes e com potencial de gerar resultados planejados e mudanças efetivas.
O neurocoaching, isto é: Neurociências + Coaching = Neurocoaching, é uma abordagem que está fundamentada em quatro áreas principais de pesquisa científica que se unem para formar uma explicação sobre como o coaching impacta o cérebro. Essas áreas são o estudo da Atenção (onde e como focar sua atenção, você pode reprogramar seu cérebro); da Reflexão (pensando de uma forma pouco comum, permitindo que nosso cérebro inconsciente funcione); do Insight (uma forma de ver uma mesma coisa por outra perspectiva, ou seja, quando criamos um novo mapa mental); e da Ação (o agir com grande motivação).
As neurociências demonstram que uma pessoa muda o pensamento através dos insights, que geram energia suficiente para que a mudança ocorra, um processo que estimula mais e melhor o trabalho de desenvolvimento humano. Com o neurocoaching, o indivíduo é estimulado a ter insights e nesse momento ocorre uma descarga de dopamina, que gera a sensação de prazer e estimula a vontade de mudar de atitude. A partir dessa reação, são estabelecidas novas crenças, decisões e emoções.
Estudos mostram que o cérebro possui uma capacidade enorme para buscar soluções (gerar insights e criar novos mapas mentais) para problemas, porém isso só será eficiente quando for estimulado e habilitado. Estes estímulos são obtidos por meio de perguntas que, quando bem estruturadas podem criar insights; estes por sua vez estimulam a liberação de dopamina e adrenalina causando assim uma sensação de prazer que instiga o indivíduo a iniciar um novo comportamento.
A metodologia pressupõe que as pessoas sejam detentoras das respostas de seus próprios problemas e, portanto, elas têm o potencial e as capacidades que podem ser acessados para tornar seu desempenho mais satisfatório. O coach tem a função de ampliar o potencial, os recursos e os sucessos anteriores do coachee, levando-o à construção de soluções. Para melhorar o desempenho das pessoas, a tarefa do coach será ajudá-las a encontrar novas formas de pensar, a se concentrarem em soluções, e não em problemas.
A melhor forma de maximizar resultados é criar um ambiente em que as pessoas tenham seus próprios insights, ou seja, estabelecer diálogos que ajudem as pessoas a pensar melhor, sem dizer a elas o que fazer, de maneira que realmente transforme o desempenho; ajudando as pessoas a identificarem, por si mesmas, novos comportamentos e a ter atenção concentrada (foco) nas atividades certas.
Fazer com que as pessoas mudem é algo cada vez mais importante no ambiente de trabalho atual. Mudar comportamentos requer o aprofundamento de nossa habilidade de escolher no que focar dentre as várias ideias e pensamentos que surgem em nossa consciência. Para as pessoas mudarem, elas precisam chegar a ideias por elas mesmas, para dar ao cérebro a melhor chance de ser energizado pela criação de um novo e amplo modelo mental. E tudo isso, só acontece, com a orientação e o acompanhamento de um coach.
É evidente que o processo de coaching envolve uma complexa interação entre vários fatores da realidade da vida dos clientes, conforme ilustra a figura a seguir:
Isso significa que o processo de coaching deverá penetrar nas esferas dos sistemas humanos, psicologia, dinâmica organizacional e de grupos, gerando mudanças e desenvolvimento pessoal e profissional. É usado para aumentar as competências do executivo para que ele se torne um gestor mais eficaz, um líder mais efetivo ou uma equipe mais eficaz, com inteligência emocional mais desenvolvida.
Segundo pesquisas, cerca de 80% do nosso dia a dia é ocupado por rotinas que, apesar das vantagens, limitam a nossa capacidade cerebral. Não percebemos, mas deixamos de pensar inúmeras vezes. Agimos como robôs fazendo coisas reflexas, sem raciocinar ou criar. São trabalhos repetitivos, relações interpessoais que caíram na mesmice, falta de projetos e metas, tudo isso leva a uma preguiça cognitiva, prejudicando a memória e a concentração.
Vivendo com os nossos consolidados comportamentos em “piloto automático”, reduzimos substancialmente a nossa capacidade de ter pensamentos mais sofisticados, ou seja, aquelas funções executivas do cérebro, como controle das emoções, desmantelamento de ideias preconcebidas (pensamentos automáticos), resolução de problemas complexos e flexibilidade e criatividade no pensamento.
Nossos pensamentos, hábitos, atitudes e habilidades se baseiam em conjuntos de conexões (modelos mentais) extremamente complexos, solidamente incorporadas em nosso inconsciente. Essas conexões definem nossa visão de mundo, nossas escolhas e, consequentemente, os resultados que produzimos, sem que percebamos isso.
As neurociências mostram que podemos retomar o controle das nossas mentes, ao reprogramarmos as conexões do nosso cérebro, de forma a gerarmos mudanças efetivas e duradouras em nossas vidas. Assim, para ter o melhor de si mesmo é preciso estar plenamente consciente (bloquear o piloto automático), acreditar em si próprio e, principalmente, desafiar a si mesmo – o que necessita de muito esforço, persistência e atenção – o tempo todo. Precisamos de coaches para conseguirmos tudo isso, mudarmos e mantermos firmes na mudança, o que implica em consciência, bom senso e estrutura. A boa notícia é que a mudança positiva e duradoura pode ser simples. Mas simples está bem longe de ser fácil.
Nosso grande desafio não é vencer os outros ou querer ser melhor do que eles. Essa é a atitude típica de ser humano medíocre. Nosso grande desafio está em vencer a nós mesmos.
O processo coaching tem como finalidade libertar o potencial das pessoas para elas maximizarem seus próprios desempenhos; é ajudá-las a aprender, é capacitá-las para chegarem a seus próprios insights e, portanto, elevar suas performances. Há três regras básicas para o sucesso do coaching, que são: (1) devemos entender que ninguém transforma ninguém, a mudança vem do próprio indivíduo; (2) admitir pontos fracos; e (3) querer mudar.
Resumindo: a proposta do Neurocoaching é melhorar e ampliar as estratégias de desenvolvimento humano. Indica quais as técnicas e ferramentas necessárias para dominar e equilibrar as emoções, hábitos e estabelecer novas conexões neurais (mapas mentais) que impulsionam pensamentos, crenças e sentimentos.